Leilão 226 Antiguidades e Obras de Arte
Por Cabral Moncada Leilões
3.6.24
Rua Miguel Lupi, 12 A/D . 1200-725 Lisboa Portugal

Exposição:

27 de Maio (2ª feira) a 2 de Junho (Domingo) - 14h às 19h

O leilão terminou

LOTE 305:

Modelo de Nau do séc. XVIII/XIX

Vendido por: €3 200
Preço inicial:
3 000
Preço estimado :
€3 000 - €4 500
Comissão da leiloeira: 24.6%
identificações:

Modelo de Nau do séc. XVIII/XIX
modelo em madeira, metal e outros materiais
provavelmente Francês
séc. XVIII (4º quartel)/séc. XIX (1º quartel)
diversos restauros, antigos e modernos; conforme se infere das notas, a armação terá sido objecto de restauro no final do séc. XIX; o modelo foi novamente restaurado por especialista em 2008
Dimensões (altura x comprimento x largura) - (modelo) 153 x 123 x 59 cm; (vitrine) 175 x 153 x 79 cm
Notas: 1. Modelo conservado dentro de vitrine e na posse da mesma Família pelo menos desde meados do séc. XIX, e possivelmente desde a época da sua construção, isto é, do final do séc. XVIII ou do início do séc. XIX;
2. A Cabral Moncada Leilões regista e agradece o parecer do senhor Comandante Leonel Esteves Fernandes que adiante se transcreve:
a) Data do modelo
Tendo em conta o desenho do beque e das galerias de popa, a nau representada deve ser de cerca de 1800. A figura de proa está inclinada, e não há varandas salientes (por oposição, aos navios de meados do séc. XVIII, que têm a figura de proa vertical e uma varanda saliente na galeria superior);
b) Dimensões
É navio de grande porte. As duas galerias de popa só eram possíveis nos maiores navios;
c) Natureza
Mercante ou de guerra?
Arranjo geral igual ao navios do séc. XVIII. Pavimento contínuo, da tolda ao castelo, constituído por coxias largas de ambos os bordos. Contudo, há algo que diferencia este navio dos grandes navios de guerra: apenas tem artilharia na coberta superior. É uma arranjo igual ao dos grandes navios mercantes da Companhia Inglesa das Índias Orientais (East Indiamen). Sendo a nau representada igual a estes últimos, o mais provável é que se trate de um grande navio mercante da carreira da Índia. Ignora-se a nacionalidade, mas não parece inglês; será provavelmente francês, o que é aliás consentâneo com o entendimento tradicional da Família proprietária de que se trata de um modelo napoleónico;
d) Data de construção do modelo
Tudo indica que o casco do modelo seja de época e contemporâneo do navio representado, sendo manifesto que o seu construtor conhecia o navio que retratava;
e) Aparelho
O aparelho aparenta ser posterior ao casco; de facto, embora seja trabalho de profissional, o aparelho não corresponde ao casco: as velas de gávea são partidas (alta e baixa), e por cima há joanete e sobre - cinco velas por mastro numa época em que o habitual eram três. A armação em barca também é pouco provável, embora na época já se usasse em alguns navios. Em conclusão: os mastros de origem ter-se-ão partido ao longo do tempo e quem os restaurou colocou nova mastreação, tal como era usada no final do séc. XIX;
f) Convés
Muito repintado. É pouco provável que a embarcação nele existente seja de origem, mas parece um assunto bem resolvido. As dúvidas dizem respeito aos cabrestantes e às bombas: não sendo possível afirmar que o cabrestante grande não fosse manobrado na tolda, é contudo muito improvável a colocação do cabrestante do castelo por ante-a-vante do traquete; o normal seria por ante-a-ré. Provavelmente estaremos perante arranjos em uso no fim do século XIX;
g) Conclusão
Bom modelo, com mais de 200 anos, mas que, como era de esperar, sofreu as vicissitudes do tempo. Tem o interesse adicional de ser, provavelmente, um grande navio mercante, o que é raro.
3. Acompanhado por vitrine moderna, em madeira e vidro.